GT 16 – Educação, Cultura e Sociedade
BRASILEIRAS AFRODESCENDENTES DE SUCESSO: DISSEMINANDO ESTÓRIAS DE IDENTIDADES VITORIOSAS.
Meire Michele dos Santos Rocha (PIBIC/ICV/ UFPI)
Nelson de Jesus Barros Silva(Bolsista-PIBIC/CNPq/ UFPI)
Prof. Dr. Francis Musa Boakari
Introdução
O presente trabalho é duma pesquisa sendo desenvolvida por bolsistas do Grupo Roda Griô: Gênero, Educação e Afrodescendência (GEAfro), ligado ao Núcleo de Estudos e Pesquisas Educação, Gênero e Cidadania (NUPEGECI). O projeto, “Estórias de brasileiras afrodescendentes de sucesso: raça e gênero na Educação” elaborado e sob a responsabilidade do Professor Pós-Dr. Francis Musa Boakari. Está voltado ao exame, fundamentalmente, das experiências escolares de mulheres brasileiras de descendência africana como ponto de partida para compreender como um grupo destas mulheres conseguiu alcançar sucesso socio-educacional. Um tipo de sucesso que vai além da satisfação financeira. É um sucesso como forma de conquista de quebrar os paradigmas sociais, de transformar as expectativas de ser mulher e afrodescendente. Chamamos de identidade vitoriosa estas mulheres afrodescendentes que compartilharam suas estórias. Isso porque elas mostram características marcantes de uma valorização da cultura afrodescendente. O propósito básico deste estudo foi desvelar as experiências de um grupo de mulheres de ser mulher e afrodescendente e as estratégias que essas mulheres usaram para superar os preconceitos raciais e de gênero existentes nas suas vidas cotidianas e sócio–educacionais. Objetivava também, determinar, aprofundando a compreensão das experiências, das oportunidades e dos desafios que elas enfrentaram e averiguar em que esses fatores determinaram as estratégias usadas para obterem o sucesso desejado.
Revisão de literaturas
Historicamente, a mulher afrodescendente brasileira enfrenta três formas básicas de discriminação como de gênero, raça e classe social. Desta forma, é visível um número crescente de mulheres afrodescendentes que vem alcançando sucesso, superando estatísticas educacionais negativas. No âmbito do preconceito de gênero, nos baseamos na fala de Louro (2003, p. 20) “O argumento de que homens e mulheres são biologicamente distintos e que a relação entre ambos decorre dessa distinção [...] acaba por ter o caráter de argumento final, irrecorrível”. Nos âmbitos de preconceito de gênero e raçal, por exemplo, as estatísticas sociais de autores como Paixão; Rossetto; Montovanele; Carvano (2010) mostram que de 1988 para 2008 houve um crescimento de 4,1% para 20% da participação das brasileiras afrodescendentes estudantes universitárias de 18-24 anos. Esses dados demonstram o tipo de sociedade feminina afrodescendente que vêm se formando nos últimos anos.
Metodologia
A abordagem metodológica empregada na pesquisa é de natureza qualitativa. Esse tipo de pesquisa é o mais indicado de acordo com autores como Bogdan; Biklen (1994) e Richardson (1999). Porque é um tipo de pesquisa participativa e de estórias de vida, que buscou os sentidos das estórias de vida de brasileiras afrodescendentes de sucesso e não enfatizou na quantidade de entrevistadas. Utilizamos entrevistas semi-estruturadas para coletar as informações. Também foram feitas analises de conteúdo, esta técnica foi escolhida porque ao desenvolver a descrição qualitativa do conteúdo, a interpretação dos dados da sentido a matéria-prima (BARDIN, 1977; MORAES, 1999). Foram entrevistadas 17 mulheres afrodescendentes com a faixa etária de 20 a 50 anos de idade, no inicio de suas experiências , as condições de vida da maioria delas era de pobreza financeira. No grupo tinha graduandas, pós-graduandas e professoras da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Universidade Estadual do Piauí (UESPI) e Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) e de outras instituições.
Resultados
As identidades de sucesso evidenciadas nessas pesquisa foram de mulheres afrodescendentes que conseguiram um bom desempenho educacional, com diplomas de cursos superiores. Mas para isso, tiveram que superar desafios para vencer os preconceitos de raça e gênero. Em muitos casos estas mulheres também tinham que superar discriminações de classe e de condições de vida, sem esquecer as dificuldades que passavam para conseguir continuar com os estudos
A principal estratégia para ascensão social usada pelas participantes dessa pesquisa foi a educação, mesmo que em sua trajetória escolar sofressem discriminações. Acreditar em si mesmas e com apoio externo conseguiram e estão conseguindo o sucesso acadêmico e profissional desejado. Estas mulheres mostraram que há saídas; que existem estratégias e mecanismos que podem ser utilizados para superar as práticas excludentes. Também, pelo fato de trazer para o debate através de seus relatos estórias de vida de brasileiras afrodescendentes vitoriosas, isso faz com que para se pensar uma sociedade em que a dignidade e a cidadania sejam respeitadas.
Considerações para continuar as reflexões
São essas estórias de sucesso (superação, determinação, vitória, competência) que fazem parte das identidades de sucesso. Por isso propagar essas estórias de vida dessas afrodescendentes com identidade de sucesso da nossa pesquisa é importante. Essas estórias também influenciam ao reconhecimento da identidade cultural afrodescendente e ao sucesso sócio-educacional. E assim essas estórias se tornam determinantes nas vidas de outras jovens afrodescendentes.
Referencias
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.
FUNDAÇÃO IBGE. Síntese de Indicadores Sociais. Rio de Janeiro:IBGE, 2010.
LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação: Uma perspectiva pós-estruturalista. 6. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.
PAIXÃO, Marcelo; ROSSETTO, Irene; MONTOVANELE, Fabiana; CARVANO, Luiz Marcelo. Relatório Anual das desigualdades raciais no Brasil, 2009-2010. Constituição cidadã, seguridade social e seus efeitos sobre assimetrias de cor ou raça. Rio de Janeiro: Garamond Univ./LAESER/Instituto de Economia, UFF, 2010.